Durante dois séculos, fomos moldados pela lógica industrial: trabalhar como obrigação, não escolha, e o relógio controlava existências.

Segundo Gallup, 60% das pessoas se sentem desconectadas do que fazem, transformando rotina em prisão invisível.

A cultura do hustle reforçou essa prisão, celebrando excesso e esgotamento como virtudes. Em 2019, a OMS reconheceu oficialmente o burnout como síndrome.

O que era vendido como sucesso revelou-se doença social. Trabalhar apenas para manter tornou-se insustentável.

Surge agora uma nova tensão: a inteligência artificial

Para muitos, a IA significa ameaça, risco de obsolescência e insegurança. A McKinsey prevê que até 30% das horas de trabalho atuais poderão ser automatizadas até 2030.

O medo é real, mas também esconde oportunidades. E se a IA não fosse vilã, mas cúmplice? O ChatGPT, em apenas dois meses, conquistou 100 milhões de usuários explorando criatividade.

Pessoas comuns usam tecnologia para criar músicas, poesias, negócios e microempresas

Não é o fim do trabalho, mas sim o início da liberdade criativa que redefine caminhos pessoais e profissionais.

Já acontece: profissionais automatizam tarefas repetitivas, estudantes escrevem e publicam histórias, empreendedores transformam ideias em produtos digitais de alcance global.

A economia dos criadores movimenta hoje mais de U$ 250 bilhões

Segundo Goldman Sachs (2024), essa economia deve dobrar até 2027, consolidando um novo eixo de possibilidades.

Mas não se trata apenas de dinheiro ou carreira, trata-se de reimaginar a própria vida cotidiana como espaço criativo.

Criar pode significar pintar uma tela, escrever um diário, projetar um jardim ou fundar comunidades digitais.

O “criar para existir” rompe a lógica produtivista, devolvendo autoria humana.

Estamos diante de ruptura simbólica: a tecnologia que substitui tarefas repetitivas convida a abandonar rotina como identidade, ressignificando o trabalho como escolha existencial.

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